Neu Belzec

- Geração Vlákas¹, provavelmente - Ela falou, terminando seu hambúrguer e colocando-se de pé - Me surpreende que uma pessoa como você negue uma coisa deliciosa como essa.


Dito isso, ela deu dois leves cutucões na barriga de Klint, enquanto se virava e pegava uma das sacolas. Ela começou a caminhar pelo castelo, com Klint certamente indo junto dela. O convidado estava com eles há três dias, sendo um dos membros dos Tyrants. Como já era de costume da organização de mercenários, ele não possuía família viva, não era casado, não tinha filhos. No geral, não havia muito que eles pudessem usar contra ele, uma vez que os três membros que de fato possuíam família haviam sido mortos. Ou melhor, haviam se suicidado.

- Sim, sim, imagino que ele já esteja pronto.

A descida para Neu Belzec se encontrava no final de um corredor, este que era escondido por uma parede falsa que só poderia ser aberta por Klint ou Tanya. Após passarem pelo corredor, chegaram no local. Havia um elevador para eles, pois aquela enorme escadaria só servia para colocar uma pressão psicológica nos pobres coitados que acabavam naquele local.

Descida:

Tanya apertou o botão do elevador e ele abriu-se, do lado de dentro, Tanya apertou novamente um botão, o único que havia e logo começaram a descer.

- Então, como vai a vida? - Ela perguntou, com um pequeno sorriso em seu rosto. Aquele era o tipo de pergunta que era feita em um elevador.

- Como se eu pudesse me dar o luxo de ter uma vida.

Ela comentou, dando uma risada no processo. O elevador desceu e desceu até que finalmente parou, com as portas se abrindo e revelando um corredor bem iluminado. De todos os lados, haviam vidros. Eram daqueles que apenas um dos lados podia enxergar o que havia do outro. A maior parte das celas estava vazia, possuindo apenas uma cadeira em seu centro, mas a primeira de todas estava ocupada. Sentado, em uma cadeira de metal, estava um homem careca, com uma tatuagem de escorpião em seu pescoço. Os braços dele estavam presos ao lado de seu corpo, com pinças metálicas deixando seus olhos bem abertos e virados para uma tela.

- Quem é o seu contratante? Fale e será liberto - Tanya podia até não ser a maior das pessoas, mas ela sabia fazer sua voz ser intimidadora. 

- O... - Começou a falar o prisioneiro - O deus da paz está sempre ocupado, ele está sempre ocupado demais para se olhar no espelho e assopra sua corneta todo dia...

'' A corneta do deus da paz faz todos muito felizes. O deus da paz está sempre ocupado. Ele está sempre ocupado demais para se olhar no espelho e espalha uma água mágica pela terra. A água mágica cria montanhas verdes, amadurece colheitas e deixa florido os jardins. O deus da paz está sempre ocupado. Ele está sempre ocupado demais para se olhar no espelho, e dá um nome para todos. Seu nome é Otto. Seu nome é Hans. Seu nome é Thomas. Seu nome é [som inteligível]. O [som inteligível] dá seu chapéu para o deus da paz. O deus estava muito feliz. Ele desejava ver como o chapéu ficava nele, portanto ele parou para se olhar no espelho pela primeira vez em toda a sua vida. Porém, o que ele viu no espelho era um demônio. Eu sou você e você sou eu, disse o demônio. Oh não, disse o deus, quem pode viver em paz com um demônio desses. Então o deus... então o deus... ''


O homem começou a se debater violentamente na cadeira. Esta era presa ao chão, mas ambos podiam jurar que ele estava quase fazendo-a saltar junto de si. Ele gritava, se debatia, babava e urrava. O som alto que deixava sua boca atravessa o som do interfone que havia na parede, era um som do mais puro terror e desespero. Ele gritava e gritava, seus pulsos estavam sangrando de tanto que ele tentava se soltar. Um de seus olhos foi furado de tanto que ele se debateu, gerando ainda mais gritos da parte dele. Logo, os torturadores e médicos da Die Reich se aproximaram ás pressas, abrindo a porta e sedando o homem.

- Eu vou mandar alguém pesquisar sobre isso o que ele falou, pode ter uma pista aí. Mas acho que ele não tem mais nada para nos oferecer, seja quem foi que fez isso com os Tyrants, o cara é bom - Falou Tanya, coçando sua nuca.

- Aaaah, finalmente calou a boca - Disse uma outra voz. Atrás deles, em uma das celas, estava um homem. Britânico, de longos cabelos negros e olhos de mesma cor, ele sorria como uma raposa para o vidro, mesmo sem poder ver os dois. É claro, ambos podiam escutá-lo mas ele não podia escutar eles. Porém, os gritos do homem foram tão grandes que conseguiram alcançar até mesmo a outra cela.

- Tom Liesmith, mais conhecido pelo seu codinome como vendedor de informações, L0k1 - Falou Tanya, para Klint - Ele tinha um bar na cidade baixa, se não me engano. Estava usando ele para coletar e vender informações de todos os tipos. Foi por causa da boca desse daí que descobriram de nossa chegada. Como ele é bem informado, estou mantendo ele preso por enquanto. Será que ele sabe de algo?

Um tiro no escuro, pois Tom fora preso justamente no dia seguinte da invasão ao Vortex Club. O que deu a Tanya a dica de que alguém havia descoberto sobre eles e falado, fora o fato de que Beyond parecera reconhecê-la, algo que não deveria acontecer. Acabou que o homem se provou útil aqui e ali, uma vez que a mera ameaça de tortura o fazia abrir mão de informações, por mais que a pequena mulher duvidasse que ele falava tudo o que sabia.

Tom Liesmith:

- Faça sua mágica, eu vou estar esperando lá em cima - Ela disse, dando de ombros e se retirando.


A porta da cela abriu-se e um dos empregados da Die Reich entrou e silenciosamente deixou uma cadeira na frente de Tom, que levantou-se e sentou-se em sua própria cadeira. Havia um sorriso confiante e calmo em seus lábios, já que não houveram ameaças de tortura e morte dessa vez. E Tom era um coletador de informações, ele abria mão de algumas informações seletas em troca de ficar intocado. Então, Klint entrou. A expressão de Tom não mudou, ele apenas esperou ele falar.

- Senhor Waltz, em que posso ajudá-lo? - Questionou Tom, que conhecia aquele homem. É claro que ele conhecia, muitos de seus clientes se afundavam em bebidas enquanto reclamavam dele no processo - Creio que tenha vindo comprar informações de mim, não é? Bom, posso fazer isso, é claro. Mas, com uma condição: You. Help. Me.