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Mensagem por Beyond Darkness Ter Jan 16, 2018 4:05 pm

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É o local mais protegido da mansão. Localizado no final do corredor da Ala B, no subsolo, esta câmara assemelha-se a um super laboratório com a estrutura poderosa de um bunker nuclear. É necessário passar por uma série de verificações para que a porta seja aberta e, uma vez que algumas destas exigências sejam violadas, o indivíduo terá muita sorte se conseguir sair vivo da instalação.
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Mensagem por Beyond Darkness Qui Jan 18, 2018 12:04 am

- Se Neo Tokyo nos permite encontrar orelhinhas de gato super sonoras, uma réplica de arma nazista não deve ser difícil. - ele brincou em tom bem-humorado.

Sua voz ecoava juntamente a seus passos enquanto o cão dos Darkness atravessava os grandes e solitários corredores do subsolo amparado por Katherine. Embora tivesse percorrido distâncias muito maiores com aquele ferimento horrível em seu estômago, ele não rechaçou quando ela passou seu braço por seus delicados ombros. Eles prosseguiram sem que Beyond realmente pendesse para o lado dela e não lhe causasse peso algum, mas ele mantinha a mão firmemente sobre sua espádua, o que dava a impressão de que ele estava adorando a caminhada quase abraçado à ela.
Kit Black era, sem sombra de dúvida, a única pessoa entre os Darkness que chegava perto de tratá-lo como se B ainda fosse um humano. Mesmo Alessa com toda sua preocupação a respeito do rombo ainda se sentia na liberdade para se esfregar nele do quê realmente ajudá-lo, e uma lógica parecida seguia-se com Dita, afinal a mulher sequer abalou-se com o estado do irmão, pois sabia exatamente do limite de sua resistência, e aquilo não chegava nem no começo do máximo que ele podia aguentar.
Ainda assim, ele precisaria de reparo. Reparo, não cuidados; não pontos, nem suturas: reparo.
Como uma máquina, como um computador... como um cyborg.
Seu corpo era tão superficial quanto sua alma era profunda - e se ele pudesse parecer de alguma forma, em algum momento, desconfortável - ou melhor, impotente diante de uma situação, era naquela.
Talvez fosse por isso que ele confiava em Kit - e na maioria das vezes somente nela - para que lhe ajudasse com os procedimentos.
Ela era capaz de fazê-lo sentir mais humano mesmo diante de tantas máquinas e carcaças.

- Exatamente, kitty. São os alemães. O Die Reich. Não é de se surpreender... eles não são qualquer um.

Quando eles alcançaram a porta dupla e metálica, blindada como uma garagem, ele desprendeu-se da maid para ir em direção ao pedestal brilhante logo ao lado. O desenho de uma mão estava calcado ali, e Beyond displicentemente retirou a luva da mão direita para em seguida pousá-la dentro do contorno.

Impressão de Digitais Verificada.- fez soar a voz feminina e robótica, parecendo vir de todas as direções.

Das três luzes verdes em forma de pontinhos sobre a porta, uma delas se apagou.

Ele então inclinou o dorso brevemente, apenas para ficar à altura do desenho de um olho cravado na parede, do qual um lazer azul escapava. Já que estava sem os óculos de sol pois os havia perdido na confusão no Vortex Club, ele simplesmente aproximou o rosto o suficiente para que o lazer iluminasse suas íris vermelhas.

Escaneamento de Retina Concluído.

Mais um ponto verde sumiu de cima da porta.

Iniciar escaneamento de impressão vocal...


- O rato roeu a roupa do rei de Roma.
- ele disse por dizer, talvez a primeira coisa que tenha pensado, e o último ponto sumiu da porta. Foi quando sua luz tornou-se vermelha.

Senha?- a voz indagou, por final.

- Akeldama.

A porta se dividiu, entrando por dentro da parede, e a passagem foi aberta.

Bem Vindo, Beyond Darkness.

- Obrigado, Angeluz.- ele disse, adentrando o recinto e chamando Kit com um metódico soerguer de queixo.

Já faz algum, digo, muito tempo, senhor. Deveria oferecer um café?


- O seu não é tão bom quanto o de Katherine.

Temo que isso seja verdade. Ah, olá, Katherine Black. É bom revê-la.

O antro era enorme, com iluminação completamente artificial, mas bem distribuída como se fosse um laboratório. O chão era metálico assim como as paredes, e haviam tantas telas de computador flutuando em hologramas aqui e ali que chegavam a doer nos olhos. Aquele talvez fosse o ambiente mais tecnológico da casa. Haviam enormes e comprimidos receptáculos do chão até o teto cheios de uma água semi-transparente onde flutuavam braços mecânicos e humanos, partes de tórax robóticas, AUGS das mais distintas formas, mas todas elas seguiam um mesmo padrão: tinham a marca d'água do símbolo de uma cruz entre as palavras RED EYE. Logo no centro, aclarado por uma lâmpada cirúrgica, havia uma espécie de maca almofadada cercada por telas de computador, com amarras onde deveriam ser os braços e pernas, mas que provavelmente não seriam necessárias naquela noite.
Provavelmente.
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Mensagem por Katherine Black Sex Jan 19, 2018 11:30 pm

- Você tem razão quanto a isso, mestre. 


Kit ecoou a risada, de fato encontravam-se coisas bizarras naquela cidade, quanto mais se procurava para baixo da superfície.
A bem dizer, suas orelhas de gato supersônicas eram únicas.
Elas foram feitas sob medida para ela, já que a disfunção genética que causava sua surdez era tão rara que AUGs simples não funcionavam. Katherine passara a maior parte da infância sem escutar nada, já que colocar equipamento muito complexo em seu crânio sendo tão jovem poderia causar um problema pior mais para frente.


Katherine não se importava como o corpo das pessoas se parecia, por dentro ou por fora. Ela apenas ajudava quem precisava com a dedicação de uma médica ou algo parecido. Se pensasse bem sobre isso, aquela menina deveria trabalhar como enfermeira no Hospital Central ou algo do tipo.
Mas ela contentava-se com coisas sutis...
Em fazer o que fazia num dos bairros mais conspurcados da cidade. E saindo de lá limpa da mesma forma que entrara.
Era peculiar.
Seu nome era negro e ela vivia na escuridão.
E ainda assim conseguia manter-se branca e pura.


- Eu me pergunto o que eles podem querer, atacando indiscriminadamente desse jeito... é arriscado demais ir contra alguém como você e Mestra Alessa... além do mais, os Lindbergs estavam lá também, certo? Isso pode virar uma batalha generalizada por... sei lá, toda a cidade?


A garota parou de falar quando Beyond começou a verificação, deixando um suave riso escapar com o trava-lingua dito por ele. Depois, seus pés pequenos e delicados adentraram a sala assim que viu o gesto dele com o queixo. A garota já estivera ali algumas vezes, conhecia bem o procedimento. Algumas noites eram muito piores que outras.


- Olá, Angeluz, é um prazer escutar sua voz novamente.


Ou não tanto assim, afinal toda vez que ela ia até a ala de B era para concertá-lo, e isso nunca era uma coisa boa.
Ela passou os olhos pelos recipientes, seu dedo indicador apoiado no queixo enquanto pensava no que seria necessário.


- Deite-se, Mestre. Isso vai terminar rapidamente. Eu espero, pelo menos. - uma gotinha surgiu em sua cabeça, após ela descer momentaneamente sua atenção sobre o tórax detonado dele. - Bem... precisamos repor o tórax, e... os braços? Francamente!


Ela apoiou ambas as mãos nas cadeiras, parecendo uma mãe preocupada dando bronca em um filho pequeno.


- Eu sei que você aguenta muitas coisas, Mestre, mas precisa se cuidar!
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Mensagem por Beyond Darkness Sáb Jan 20, 2018 10:38 pm

Abaixo da superfície.
De fato, quanto mais se mexia no tapete, mais se descobria todo tipo de sujeira escondida. As orelhinhas de Katherine não eram necessariamente sujeira, elas faziam parte de itens excêntricos e definitivamente únicos que no fim apenas beneficiavam, sem fazer mal a ninguém. Como a própria dona de tal AUG.
A outra parte, a que realmente era ruim para determinado grupo de pessoas e esplendidamente atraente para outro grupo ainda mais reservado de indivíduos... era aí, nesse limiar, que a Darkness se mantinha de pé. E triunfava.
Era irônico e jamais deixaria de ser que Kit Black, com seu nome negro e mestres mais obscuros ainda, fosse tão cintilante, clara e transparente como um diamante.
A Darkness não... ela era de um vermelho pesado, translúcida e quase opaca... como um rubi não lapidado.

- Sim, os Lindberg estavam. Edrik Lindberg foi para o hospital para ter a perna amputada e substituída.- ele comentou primeiramente sobre a dúvida dela.

O interessante sobre os AUG's que possuíam a logo do RED EYE é que eles jamais eram vistos sob circulação. Aquela produtora não vendia para o mercado em geral, e não haviam registros dela sequer no mercado negro. Ainda assim, a produção em seus laboratórios era infrene; mas não se fazia a menor ideia do destino de suas peças.
Era por este motivo que Beyond Darkness não podia simplesmente ir a um hospital comum, mesmo que a maioria em Neo Tokyo já fossem completamente especializadas em AUG's. Os que construíam e moldavam seu corpo nunca haviam sido estudados publicamente, e a chance de erros ocorrerem quando não se conhece bem a estrutura de um AUG é definitivamente grande. No mínimo, ir para um hospital comum seria simplesmente inútil.
Embora cada produtora tivesse suas próprias qualidades e diferenciais, a tecnologia do RED EYE era quase que totalmente díspar à todas as outras.
Talvez, assim como Katherine fosse única com suas orelhinhas de gato... Beyond era um cyborg único e, diferentemente da grande maioria dos robôs, insubstituível.

Naquela sala, Angeluz era a única com conhecimento suficiente para produzir tais peças e Katherine uma das únicas que haviam sido ensinadas a como manipulá-las corretamente. A inteligência artificial chamada Angeluz fora um presente do RED EYE para os Darkness, no tratado de tolerância que eles haviam formado anos atrás. Apesar de haver um laboratório da marca no terreno americano, ele não realmente era dominado pela Darkness...
Mas sim pela máfia do Vaticano.
Sim, o Papa é um dos maiores chefes mafiosos do mundo. Além deles formarem uma das máfias mais antigas e o ano atual ser 2518, nem todas as pessoas sabem disso -além dos próprios mafiosos, é claro.
Não é de se espantar que a maioria dos criminosos do ramo sejam ateus.

- Eu torço para que seja isso o que eles estejam almejando. Se não... eu vou ficar decepcionado.- disse Beyond tranquilamente, apesar de saber que Kit desaprovaria totalmente esse pensamento. A sede por batalha que o cão dos Darkness tinha não era novidade para ninguém.- Eu confio nos seus "Eu espero", kitty.- ele disse a última parte com um sorrisinho singelo, antes de subir na maca e deitar-se nela.

Você continua tão gentil como sempre, Katherine Black. Gostaria de um café - digo -, corrigindo: um chocolate quente? Eu aprimorei as receitas desde sua última vinda.- soou a voz de Angeluz, com a maior simpatia que a voz de um robô poderia soar; ou seja, nenhuma. Mas ela tentou.

Os olhos vermelhos de B encararam o teto por um momento. Ele suspirou. Odiava aquele tipo de lugar. Estar rodeado por máquinas só o fazia se sentir ainda mais artificial...
Mas ele precisava disso se não estivesse afim de morrer.
Bem, Beyond Darkness tinha um jeito arriscado de viver e palavras mórbidas que muitas vezes deixavam claro exatamente o contrário.
Mas, bem... ele não queria morrer em vão, com um mero tiro disparado por uma sniper, afinal de contas.

Novamente, foi Katherine quem revigorou sua costumeira expressão sorridente. A bronca que ela acabava de disparar contra seu próprio mestre fez aquele bom calor humano abraçar seu corpo gélido e robótico.

- Pensei que gostasse dos nossos momentos a sós.- ele disse num tom sugestivo, apenas para brincar com ela.- Se eu realmente me cuidar, eles vão se tornar mais escassos.

Aguardando para verificação de danos...- soou a voz robótica ao mesmo tempo que os monitores ao redor da maca acendiam e eletrodos auto-adesivos eram expostos por um computador na direção de Katherine, para que ela os pegasse e colocasse-os em Beyond nos pontos certos e assim Angeluz pudesse ajudá-la na análise do processo.

- Eu acho que dessa vez você vai precisar tirar minha roupa primeiro...- o timbre dele soou como quem se faz de inocente, o que acabou dando o ar errado - ou certo, para B - à frase. Ele sorria de forma aproveitadora para a maid e a encarava sem sequer piscar.- O sangue já secou e o tiro derreteu a pele debaixo do tecido.

Imediatamente, uma mão robótica que estava ali perto presa na parede estendeu uma tesoura para Kit, surgindo quase num susto bem ao seu lado. Angeluz não tinha a intenção de ser bruta, mas...


Última edição por Beyond Darkness em Qua Jan 24, 2018 12:22 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Katherine Black Dom Jan 21, 2018 6:47 pm

- Edrik perdeu a perna!? - era bastante peculiar como ela mudava o modo de falar quando se referia a outras pessoas, tornando-o um pouco mais casual. Não que sua lingua fosse especialmente cortês o tempo todo, mas talvez o título de Mestre que repetia alegremente para Beyond, Alessa e Dita contribuíssem para aquela sensação. Ela momentaneamente levou uma das mãos a boca, os olhos claros arregalando-se com a notícia. Katherine parecia realmente em choque. - Meu Deus... espero que ele fique bem.


Katherine tinha um problema sério com a Red Eye, mas ela passara tempo suficiente longe de lá desde que se mudara para Neo Yokyo, tempo o bastante para não estremecer cada vez que visse o logotipo deles. Ela possuía aquela tecnologia implantada na própria pele, em pontos estratégicos que poderiam torná-la letal, mas que não gostava de usar. A menos que fosse muito pressionada para isso ou que os alvos fossem seres inanimados, ela dificilmente os usaria.


- Eu preferiria que eles não tornassem essa cidade mais complicada do que já é. - ela fez uma careta. - E que o Senhor não tivesse um espírito combativo tão forte.


Nas palavras de Kit, a compulsão por batalhas de Beyond parecia quase algo bonito. A garota aproximou-se da maca onde ele acabara de se deitar, respondendo a Angeluz logo em seguida. 


- Ah, que agradável da sua parte! Eu gostaria se pudesse preparar uma caneca para mim. - Kit dificilmente negava comida, principalmente quando tinha chocolate envolvido. Além disso, a bebida deixaria-a mais calma para lidar com a situação atual. O comentário de B, entretanto, fez com que a garota assumisse uma coloração vermelha impossível de ser ignorada. - Eu aprecio, Mestre. Quero dizer... não... quero dizer... você tem que se cuidar de qualquer forma!


Ela transformou sua visível incapacidade de argumentar em uma afirmação igualmente falha, porém verdadeira, e voltou rapidamente seus olhos para os eletrodos estendendo a mão para capturar alguns. Mais uma vez, porém, o combo de Beyond + Angeluz fez com que a garota ficasse absolutamente sem graça e tomasse um verdadeiro susto. Katherine observou a ponta da tesoura voltada em sua direção, quase acertando um de seus olhos, e engoliu em seco, pegando-a com cuidado da mão robótica.


- Angeluz... quando estendemos coisas afiadas para as pessoas nós fazemos isso com o lado que não corta para frente, okay? - A menos que queira matar alguém, Kit lembrou a si mesma com um estremecimento. Ainda um pouco constrangida, ela desceu as lâminas em direção a roupa social de Beyond e cortou-a de baixo para cima, tomando o cuidado de remover a maior parte do tecido antes que puxasse as partes onde o tiro havia acertado. Dessa forma, ela destruiu completamente a camisa que ele usava. - Hum... eu acho que isso vai doer um bocado...


Com a parte superior de Beyond parcialmente nua, só faltava retirar o tecido agarrado na pele. Como ele próprio apontara, aquilo era necessário para que pudesse continuar o procedimento. Apesar de ter feito aquilo outras vezes, a mão de Kit tremeu um pouco quando aproximou-se do local a ser cortado. Ela precisou inspirar e expirar profundamente para recuperar a compostura, e depois a lâmina da tesoura picotou perfeitamente sobre a área queimada e maculada. Katherine deixou o pedaço de trapo com vestígios de pele junto daquilo que anteriormente era uma camisa e pegou mais uma vez os eletrodos, dispersando-os pelo corpo de B, nos braços e no tronco.


Ela percebera que as pernas também foram atingidas durante a operação, então voltou a ficar vermelha quando pegou novamente a tesoura para livrar Beyond das calças. Ainda assim, seus movimentos eram seguros e suaves, causando o mínimo possível de dor. A garota colocou os eletrodos restantes nos membros inferiores, deixando-o assim quase que completamente plugado, com exceção da cabeça.
Beyond sempre repetia para não colocar eletrodos em sua cabeça quando Kit começara a trabalhar em seus reparos, então essa informação estava bem gravada em sua memória.


- Eletrodos conectados, Angeluz. - disse, à espera das instruções ditadas pela I.A.
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Mensagem por Beyond Darkness Seg Jan 22, 2018 2:31 am

- Ele vai ficar.- naquele momento, ele quase soou paterno diante da nítida preocupação de Kit.- Ele é um Lindberg, afinal de contas.

Ele realmente acreditava nisso. Aquele sobrenome por si só lhe parecia o remédio para qualquer enfermidade que pudesse abalar os gêmeos.
Talvez B não devesse bajular tanto seus rivais. No entanto, quando se tratava dos Lindberg - mais especificamente os herdeiros da família e, ainda mais especificamente, Nymeria, ele não poupava bons comentários.
Distinção de lados era algo que nem sempre parecia claro ao cyborg. Afinal, se ele desobedecia às ordens da própria mestra quando isto lhe convinha, não era de se espantar que, mesmo com tamanha idade, sua lógica fosse um pouco rebelde demais.
Algo que muitas vezes se chocava com os pensamentos de Kit... mas foi aquele mesmo algo o motivo dele ter barganhado a guarda e os serviços da maid ao RED EYE. O Red Angel simplesmente não limitava-se ao enxergar qualidades promissoras em alguém, seja elas quais fossem - seja quem fosse.
E ele gostava de manter essas pessoas por perto... talvez, lá no fundo, de ajudá-las.
Embora ele usasse de métodos não muito ortodoxos para isso. Katherine Black, no entanto, tinha a sorte de escapar de suas investidas mais "violentas" - afinal, teoricamente, eles estavam do mesmo lado.
Beyond foi incapaz de segurar o riso a seguir, no entanto, ao ouvir a opinião de Katherine sobre seu espírito combativo.

- Você sabe que não seria eu se eu não o tivesse.

Se me permite a palavra, Senhor, Katherine tem razão.

- Oh, é mesmo, Angeluz?

Sim. Segundo estudos de psicologia e embasamentos da psiquê humana por Freud, Friedrich Nietzsche e da filosofia de Kafka, sua compulsão por batalhas pode significar uma tendência suicida aflorada. Quase como se o Senhor estivesse buscando alguém bom o bastante para matá-lo.

- Me pegou.- ele ironizou, espalmando as mãos e revirando os olhos.

No fim, se pensasse bem, não se poderia ignorar totalmente as suposições de Angeluz... mas é claro que Beyond jamais admitiria coisas do tipo.
Houve um barulho numa das máquinas do outro lado da sala. Apesar de parecer um grande aparelho extremamente complexo, aquilo era uma máquina de fazer café... e derivados.
Depois de uma breve mistura em seu interior e trazendo uma caneca com um emoji de gatinho pintado sobre a porcelana, a máquina despejou um líquido cor de chocolate até encher o recipiente.
Logo em seguida, a caneca fumegante foi pega por uma mão robótica na parede, e passada de bloco metálico em bloco metálico até que fosse disciplinantemente colocada sobre o balcão ao lado de Kit.

Seu desejo é uma ordem. Cuidado, está quente.

O líquido parecia meio estranho... estava grosso demais e... tinha muitas bolhas de ar sob a superfície.
Ainda assim, o cheirinho parecia ótimo.
Angeluz podia ser a I.A capaz de criar peças do RED EYE e dirigir todo um laboratório especializado em tal, mas ela nunca teve um bom histórico como cozinheira.
Mas cabia à Kit dizer se a robô havia acertado dessa vez ou não.

- Eu prometo tentar me cuidar um pouco mais, se isso a fizer menos preocupada.- disse Beyond após outra risada ao observar o rosto extremamente vermelho da empregada. Katherine realmente era especialista em fazê-lo se divertir sem que houvesse necessariamente alguma coisa explosiva ou letal no meio da conversa. Ela era capaz de amolecer o tão temido Red Angel, de certa forma... muito embora ele vivesse colocando-a contra a parede com comentários sugestivos.- Oh, sim... isso vai doer como o inferno.

Anotado.- disse a I.A após o comentário de Katherine sobre como os objetos cortantes deveriam ser oferecidos. Essa será uma observação no meu sistema de agora em diante.

Ela não pediu desculpas porque ela não realmente sabia o que desculpas significavam.
No entanto, houve silêncio enquanto Kit desmantelava a roupa social de Beyond. Se ele sentiu alguma fisgada ou desconforto, ele não demonstrou. O cão dos Darkness costumava ser um bom paciente, principalmente nas mãos de Katherine... mas quando ela puxou e cortou fora a pele colada ao tecido, ele precisou morder o lábio inferior para não deixar nada escapar.
Se o Red Angel realmente deixara transparecer uma expressão de dor, embora não tenha grunhido ou dito nada a princípio, era porque aquilo realmente deveria ser capaz de fazer até um dos mais resistentes homens derramar lágrimas e se contorcer.

- As dores pequenas são as piores...- ele bufou baixinho.- Se tenho um braço arrancado fora, ele dói e ponto. Mas se tenho uma tesoura sutilmente sob a pele, meus nervos formigam, latejam e ardem... isso sim é incômodo.

Todo bom torturador deveria saber disso. Afinal, não se realmente começa uma tortura amputando o braço de alguém ou quebrando diretamente suas costelas...
Se começa pela unha, pelos dedinhos do pé, pelos pequenos cortes na pele. O começo do desespero é sempre pior que o desespero em si.

Ele sentiu que a tesoura agora cortava sua calça social, deixando um relance de sua boxer preta surgir. O Darkness tinha um corpo grande e definido, como Kit estava acostumada a ver...
Ou talvez nem tão acostumada assim.
Não dava realmente para se acostumar ao sorrisinho que ele lhe dirigia toda vez que ela chegou a vê-lo com mais do quê seu peito desnudo.

À medida que Kit foi conectando os eletrodos, a imagem humanóide foi se formando na tela do computador à frente. Um humano sem cabeça, afinal os sensores não haviam sido plugados lá.
Quando a análise começou, tudo surgiu nas telas ao redor da maca.
A tamanha perda de sangue que seria fatal caso Beyond fosse um humano comum, cada buraco de bala em sua pele minimamente detalhado, o esforço de seu coração, um dos únicos órgãos humanos dentro de si, para bombardear líquido sobre suas engrenagens e aguentar os trancos de adrenalina...

Ferimentos rasos por toda a extensão dos braços e pernas, os projéteis ficaram alojados sob a derme sem atingir o esqueleto artificial, podem ser retirados com o super imã ao final da operação.- fez soar a voz de Angeluz. Ferimento crítico localizado. Projétil de Mauser Karabiner Kar 98k ultrapassou completamente a derme e encontra-se alojado internamente no esqueleto artificial. Necessita de remoção manual.

Dessa vez, a ferramenta estendida para Katherine foi um grande e nada delicado alicate.
Como avisado anteriormente, a mão robótica entregou-lhe o objeto com a pinça virada para o lado oposto... embora ele também tenha vindo de cabeça para baixo.

- Ora... parece que isso vai doer muito mais agora, kitty.
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Mensagem por Katherine Black Seg Jan 22, 2018 7:47 pm

Katherine deu um singelo suspiro com o comentário de Beyond. Talvez ele super estimasse muito os gêmeos Lindberg, ou eles simplesmente possuíam uma capacidade nata de sobreviver. Ainda assim, aquelas palavras tiraram um certo peso de seu estômago.
Ela quase ficou tranquila.
Quase.



Kit entreabriu os lábios para responder Beyond, mas Angeluz começou no mesmo momento a fazer um exame psicológico absolutamente certeiro sobre a vida do mafioso. A maid sabia que já havia percebido essas nuances ligeiramente suicidas desde que o conhecera, mas se o Red Angel não falava sobre isso, ela preferia não mencioná-las. Ainda assim, a garota deu uma risada sutil, como que para suavizar o ambiente depois daquele pequeno debate um tanto quanto melancólico.


- Eu prefiro pensar que o Mestre esteja apenas assumindo que só morrerá quando quiser. Antes disso, provavelmente sobreviverá até a uma explosão nuclear. - retirando uma das mexas do cabelo roxo que insistiam em cair em frente aos seus olhos, a menina prendeu-a atrás de seus AUGs e deu um suave peteleco na testa de Beyond, quando ele argumentou que tentaria se cuidar. - Eu agradeceria bastante se levasse isso em consideração, Mestre. 


Ela agradeceu a Angeluz, independente da aparência bizarra de sua bebida, e não tocou-a até ter desmantelado as roupas de Beyond. Kit notara a expressão de dor, mas não havia muito que ela pudesse fazer naquela situação, aquilo doeria de uma forma ou de outra. Ainda assim, era bastante óbvio que sua mão leve causava menos desconforto do que a de muitos médicos especializados naquele assunto.


- Dores pequenas ou grandes, é... - ela murmurou, enquanto fazia seu trabalho. - Eu prefiro separá-las em dores suportáveis ou aquelas que lhe paralisam completamente. São aquelas dores que definem se você vai morrer ou viver mais um dia. Pensando bem... talvez isso seja mais voltado à força de vontade. Às vezes nem a pior das dores é capaz de vencer alguém realmente determinado.


Talvez Beyond tivesse acostumado-se a ouvir aquelas pérolas de sabedoria que de vez em quando escapavam da boca de Kit. Ela parecia ser ingênua e inocente numa primeira olhada, e de fato era em certo nível... mas Katherine Black também possuía uma sabedoria ímpar. Ela demonstrava-a em raros momentos, mas ainda estava lá, dentro dela.
Ainda assim, Kit conseguia destruir quase que completamente aquela imagem quando corava por conta dos sorrisinhos provocantes que Beyond lhe lançara. A maid rapidamente agarrou a caneca e assoprou-a ao tomar um gole do líquido que... na realidade, não parecia bem uma bebida. Parecia algo mais como uma geleia de chocolate, o que não fazia com que Kit gostasse menos dela.




- O gosto está fenomenal, Angeluz. - seu olhar captou as telas onde os diversos machucados eram mostrados. Ela já esperava por aquilo, principalmente sobre o rombo no abdomen de B, algo que certamente não seria nada fácil de resolver. Ela verificou silenciosamente o caminho que precisaria tomar com o alicate para causar o mínimo de dor possível - o que era quase nada de diferença, mas o que vale é a intenção, afinal de contas, e pegou o alicate que lhe era estendido pela mão mecânica. - Misericórdia, por que não trabalhamos com ferramentas mais delicadas? Eu vou tentar ser mais rápida possível, Mestre.


Era lógico que não era sua intenção propagar a dor da pessoa que havia salvado-a de um destino quiçá pior do que o próprio B tivera. Kit deixou a caneca com emoji de gatinho sobre a bancada novamente e endireitou-se, seus olhos indo da tela para o buraco aberto em Beyond. Ela enfiou a ferramenta passando através de todo o percurso que a bala fizera antes dela, abrindo o alicate para segurar o projéctil. Ele estava fincando no esqueleto interno de tal forma que era difícil retirar num só puxão, mas depois de algumas tentativas a garota conseguiu por fim capturar a bala e retirá-la do corpo de B, colocando-a em um recipiente próprio para aquilo. 
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Mensagem por Beyond Darkness Qua Jan 24, 2018 1:30 am

Ele ouviu silenciosamente quando a maid comentou sua própria análise por cima da de Angeluz, e soergueu-lhe uma sobrancelha, um tanto impressionado.

Oh. Você soou exatamente como o Senhor gostaria que soasse, Katherine Black. Devo anotar isto em minhas análises comportamentais.

- Nisso Angeluz está certa.
- ele lançou um olhar de soslaio à Kit.- No fim, apenas um humano pode entender uma máquina. Nunca o contrário.

É por isto que o Senhor tenta decifrar o comportamento humano dos que lhe chamam a atenção? Para entendê-los, ou talvez, senti-los?

- Desligar exame psicológico, Angeluz.


Sim Senhor.

Ele sentiu o peteleco em sua testa, fechando brevemente um dos olhos ao mesmo tempo que soltava um riso anasalado. Talvez Katherine fosse a única pessoa no mundo que podia tirar sarro de Beyond Darkness daquela forma. E ele até gostava disso.
Afinal, tinha como desgostar de alguma coisa em Kit? Ficava claro que nem mesmo o tão temido Homem de Vermelho era imune aos encantos da garota.
B fez um gesto com a cabeça, inclinando-a brevemente para baixo, um gesto silencioso que firmou a promessa.

- Você prefere muitas coisas, kitty.- ele ouviu o breve discurso dela, parecendo longínquo a cada palavra. Elas o levaram para um flash de memória, uma sensação nostálgica que marcava-lhe psicologicamente desde, bem... mais de trezentos anos atrás.
Em cima de uma maca totalmente ensaguentada, foi a última vez que ele teve seu corpo real.
Tudo tinha 100% de compatibilidade. Tudo indicava que o procedimento seria perfeito, sem falhas. Depois de muitas tentativas, foi a décima terceira a bem sucedida. Eles substituíram seus órgãos, seu esqueleto, injetaram-lhe tubos e encaixaram-lhe engrenagens...
No entanto, quando chegou o momento de corromper definitivamente o cérebro numa máquina e matar o coração pulsante de carne e músculos, a cobaia acordou de uma anestesia geral que deveria durar dias.
Num grito irado ele arrancou os tubos de si, chutou os médicos para longe e seu corpo ainda frágil e faltando membros deslizou grotescamente para fora da maca, indo ao chão num baque metálico.
Seu olho esquerdo saltava para fora, não haviam mais suas belas íris azuis, apenas os poderosos AUGS vermelhos.
Ainda assim, o brilho nos olhos dele foi capaz de congelar a espinha de todos presentes ali, enquanto seus braços debilmente esticavam-se para frente do corpo, trazendo o restante do sangue que se espalhava em poças pelo chão para perto de si.
E ele rosnou aquelas palavras como se só tivesse nascido para aquele momento.

"O que é meu... é meu por inteiro. Para o inferno com vocês!"

O jovem Beyond cedeu apenas alguns segundos depois.
Sua visão voltou a ficar turva, e ele desfaleceu abraçando o próprio sangue, o único ainda humano, o que estava derramado ao seu redor.
Quando o recolocaram na maca para reiniciar o procedimento, a compatibilidade havia caído.
98%.
2% haviam caído.
Eles perceberam que seriam incapazes de manter o projeto Judas Rebirth vivo ou em funcionamento... se tentassem alterar seu cérebro ou seu coração.
Por isso eles os deixaram. Fizeram de tudo, mas a força de vontade da cobaia havia sido capaz de mudar até mesmo seu código genético, tornando-o imperfeito, falho, errôneo para tudo o que o Vaticano sempre desejou.
Beyond não soube dizer a si mesmo se havia conseguido aquela façanha por ter muito a perder... ou por não ter mais nada.
Mas de uma coisa ele tinha certeza: sua força de vontade nunca seria extinguida, desviada ou usada por qualquer outra pessoa que não fosse ele próprio.
Talvez fosse por isso... que ele sorriu docemente diante da pérola soltada por Kit Black.
Era raro. Talvez ela pudesse contar nos dedos as vezes em que, em todos esses anos, ele trocara seu sorriso cínico por aquele que beirava à serenidade.
Mas Beyond não via problema em direcionar este tipo de coisa à Katherine. Afinal, simplesmente por ser capaz de adentrar o Albergue 13, isso significava que ela sabia muito mais coisas sobre ele do que o restante do mundo poderia saber.
Haviam apenas duas pessoas capazes de pisar naquela plaga metálica. Dita e Katherine. E as duas só podiam entrar acompanhadas de Beyond, isso porque ele confiava o suficiente nelas para isto.

- Sendo assim, eu creio...- ele pareceu voltar ao mundo real - ou ao mundo robótico, por assim dizer, e seu sorriso meigo alargou-se um pouco mais.- Que você possa vencer qualquer dor, Katherine Black.

Obrigado. Manterei o ritmo de aprimoramento.- disse Angeluz quando captou a mensagem sobre sua geléia de chocolate quente. Trabalharíamos com ferramentas mais delicadas caso a anatomia do Senhor fosse delicada, devo justificar. Ou se fôssemos operar regiões próximas à suas partes vitais.

Quando o alicate entrou, nem mesmo as mãos mágicas de Kit foram capazes de impedir que Beyond arranhasse fortemente o estofado da maca, o sorriso tremendo com a dor fenomenalmente bizarra que lhe abatia.
Quando algo está entrando em você, cada nervo sente algo, a pele repuxa, os músculos contraem, as células rasgam uma a uma... resumindo: são um monte de dores pequenas. Simultaneamente.
Contudo, quando o alicate finalmente alcançou a carcaça robótica, Beyond nada mais sentiu.
Aquilo era dormente, era indolor e inumano, era... irreal. O fato é que não sentir dor não aliviou o Red Angel nem um pouco.

- É estranho, não é, kitty?
- a voz dele soou com muito ar entre as bochechas, suspirando após conter a dor.- Minha carne, tão parecida com a sua, é uma farsa. A circulação e os nervos são todos criados por máquinas. Eu aqui reclamando da dor... e ela nem ao menos é real.- o timbre em sua voz era um tanto indecifrável, não deixando realmente claro o que ele sentia em relação aquilo.

De qualquer forma, o cão dos Darkness aguardou para que amaid executasse a pequena cirurgia com êxito.
O raio X instantâneo nas telas de holograma dos computadores não mais mostravam o objeto estranho alojado na carcaça robótica, e logo a I.A processou novamente.

Projétil removido manualmente. Dado a análise contínua do corpo, tal encontra-se devidamente pronto para adentrar à Câmara Morfogênica para remoção dos diversos pequenos projéteis e reestruturação da carcaça robótica, dos músculos e derme artificiais.

- Gatinha...- a voz de Beyond chamou, um tanto misteriosa, sem que ele realmente levantasse da maca.- Antes que eu passe para o procedimento final, você poderia... colocar alguns eletrodos na minha cabeça?
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Mensagem por Katherine Black Qui Jan 25, 2018 7:36 pm

- Eu suponho que tem algo haver com os anos de convivência. - ela abriu um sorriso tímido e coçou a parte de trás do pescoço. - Mas é fácil perceber as coisas quando se sabe para onde olhar.

Era de se esperar que Angeluz em algum momento fosse calada por B. Afinal, ela chegava bem próxima... irritantemente próxima de incomodá-lo com o tal exame psicológico. Kit deixou escapara um sorriso dócil quanto ao gesto sutil de Beyond e seus olhos voltaram-se para as inúmeras telas.

- Eu acho que sim. - Sua boca fechou-se por alguns segundos. Ela lembrou-se de uma mulher. Uma mulher que possuía sangue árabe. Sua pele era ligeiramente escura e seus olhos brilhavam maliciosamente para ela.

Ele se foi, Katherine... e não vai voltar mais. Sabe o que significa? Que agora é minha para que eu faça o que quiser com você. Talvez devêssemos começar por dar uma calda para uma gatinha feito tu, não é? Não se preocupe... não deve doer. Não pouco, pelo menos.

Kit sentiu um calafrio descer por sua espinha, gelando até a sua alma. Ela momentaneamente passou as mãos pelos braços, como se a fricção pudesse lhe dar algum tipo de calor. Ela só foi despertada daquela sensação com as palavras de seu Mestre. Seus olhos de cor clara voltaram-se em direção a ele e a garota sorriu.

- Eu espero que sim. Que todos nós consigamos. - sua expressão modificou para uma careta de desgosto profundo com as palavras de Angeluz. - Ainda assim...

Katherine não terminou a frase, ela sabia muito bem o que aquela I.A lhe responderia, afinal tratava-se de um robô. Era difícil colocar parâmetros novos em sua mente. Aparentemente, ela teria de trabalhar com o alicate mesmo, então apenas desistiu de uma discussão que não levaria a absolutamente nada.

- Mestre... se tem alguma coisa que eu aprendi nos últimos anos é que realidade é um conceito bastante relativo. - ela trincou momentaneamente os dentes, enquanto usava aquela ferramenta tão pouco prática nele. - Eu acho... que só o senhor pode dizer o que é real em você mesmo ou não.

Kit desviou sua atenção da bala que acabara de arrancar. Pedir desculpas pela dor causada não era de muita valia. Ela fizera o que estava a seu alcance para causar menos estrago possível. Ouvindo atentamente os comandos de Angeluz, ela moveu suas mãos pela borda da maca, prestes a dar segmento ao procedimento.

Então parou ao ser chamada novamente por ele. Havia uma surpresa visível em seu olhar, afinal Beyond sempre lhe dissera para jamais plugar aquelas coisas em sua cabeça. Ela não sabia o que tinha mudado, e entreabriu os lábios para questionar o ato, mas preferiu ficar quieta por hora. Mais uma vez, ela pegou alguns eletrodos, grudando-os na testa dele e em suas bochechas.


- Mestre... há algo errado? - ela relembrou tudo o que fizera até ali, perguntando-se se havia cometido algum tipo de erro, no entanto era uma rotina que já havia se acostumado. Havia situações piores e melhores, mas aquele pedido continuava sendo uma novidade para ela.
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Mensagem por Beyond Darkness Sáb Jan 27, 2018 4:29 pm

Ele havia observado a súbita demonstração de angústia dela em silêncio, até que falasse e imediatamente a visse melhor. Kit tinha esse dom, o de estar genuinamente bem quando a maioria não estaria nem perto disso; não apenas por seu grande otimismo, mas pela sua imensa força de vontade. Ela quase podia lembrar a B a si mesmo, anos e anos atrás... e essa sensação foi um dos principais motivos que fizeram-no querer tê-la por perto. Tirando-a das garras do RED EYE, intrínseco em sua mente, ele gostaria de protegê-la. Mesmo que a relação formada entre Mestre e Serva pudesse causar a sensação contrária.

- A realidade pode ser relativa para os afortunados que ainda possuem imaginação o suficiente para tal.- ele comentou apenas alguns momentos depois que ela já tinha falado, sentindo os eletrodos sendo plugados em sua cabeça.- Mas alguns fatos... são imutáveis, não importa de que ângulo você os olhe.

Verificando estrutura da caveira... caixa metálica do crânio intacta. Verificando mais profundamente...

O cão dos Darkness não realmente respondeu à Katherine. Simplesmente porque não houve tempo para que ele próprio o fizesse.
Rapidamente, nas telas de hologramas que cercavam a maca, a cabeça do corpo surgiu, completando-o... e imediatamente as cores azuis dos monitores mudaram para um vermelho vívido.

Alerta
Alerta
Alerta
Perigo vital encontrado. A análise da matriz detectou uma falha crescente no cérebro. A ressonância magnética observou metástases no hemisfério cerebral esquerdo. Uma mancha espalha-se perigosamente do lobo frontal esquerdo e os neurônios próximos estão parando de funcionar. Tumor invasivo e com processo infiltrante detectado. Nível de Situação: crítica level S. Danos irreversíveis. Danos irreversíveis. Danos irreversíveis.


A barulheira momentânea de Angeluz e dos equipamentos mista ao tom de vermelho que imediatamente invadiu a sala só piorava a visão que se mostrava nos monitores. Era como se o cérebro completamente humano dentro da máquina mostrado ali estivesse mais escuro do que deveria estar, e uma mancha escarlate no meio de suas entranhas parecesse crescer do mais profundo de seus nervos, consumindo espaço, matando as células... uma gradativa destruição interna.
Um fato imutável.
Beyond Darkness estava morrendo.


  Ala B - Albergue 13  Giphy  


Antes que a voz de Angeluz continuasse indicando "Danos irreversíveis" juntamente com a sirene, Beyond arrancou os eletrodos de si, e foi apenas quando a cabeça sumiu novamente do corpo desenhado que tudo pareceu aquietar-se novamente.

- Eu precisava saber...- foi tudo o que ele disse a princípio.

B suspirou, fechando os olhos momentaneamente. A imagem de um rapaz de cabelos verdes e feições brancas surgiu em sua mente juntamente a uma súbita angústia. Afinal de contas, Beyond tinha que saber... se aquele sonho duraria como esperava que durasse... ou se a validade dele também estava marcada.

- Gatinha.- ele chamou novamente, as iris vermelhas amostrando-se quando ele abriu as pálpebras devagar.- Essa informação... não sai daqui, tudo bem?

Nada saía. Nada que Katherine pudesse observar no Albergue 13 jamais poderia ser explicitado fora daquelas paredes, e a maid deveria saber bem disso.
No entanto, o pedido de B soou como uma súplica.

- Por favor.
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Mensagem por Katherine Black Seg Jan 29, 2018 12:54 pm

Katherine Black era uma pessoa realmente muito otimista. Apesar de ser passado não ter sido dos melhores, dela também possuir coisas terríveis guardadas em seu âmago, ela não deixava que estas viessem a tona com facilidade. E, quando vinham, a garota facilmente as colocava para dentro de si de novo. Afinal, o passado era algo que não podia ser descartado, e como tal, só lhe bastava aprender com ele.


- Força para mudar o que deve ser mudado, resistência para tolerar o que não pode ser mudado e sabedoria para perceber a diferença. - ela enumerou, tranquilamente. - Meu pai me disse a muito tempo atrás que essas virtudes eram necessárias para  todas as pessoas. Eu acredito que ele tinha razão...


Se ela pretendia dizer algo mais, os alertas pipocaram em sua cabeça e calaram-na imediatamente. Com o susto, ela foi incapaz de controlar o som que entrava em seus AUGs e uma fulminante dor de cabeça incidiu diretamente sobre ela, fazendo-a se encolher. O gesto tipicamente humano de tampar os ouvidos era-lhe indiferente, já que o barulho chegava a ela pelas orelhas de gato mecânicas. Katherine momentaneamente fechou os olhos, o excesso de ruído e a dor fulminante incapacitando-a de raciocinar sobre o que estava vendo e ouvindo. Porque ela olhava diretamente para a tela onde aquela mancha vermelha tomava conta do cérebro de seu Mestre.
Ainda assim, seu inconsciente pareceu entender o que aquilo significava, porque quando Beyond enfim retirou os eletrodos da própria cabeça, calando totalmente o alerta de Angeluz, grossas lágrimas haviam descido pelo rosto dela e pingado em seus braços erguidos.


Katherine olhou da tela para Beyond e vice-versa, um nó se formando na sua garganta, enquanto limpava as lágrimas com a manga da blusa comprida que usava. Ainda assim, era possível ver que haviam novas ajuntando-se em sua pálpebra inferior, prestes a serem derramadas.


- Não há realmente nada a fazer? - ela parecia genuinamente deprimida com essa ideia. Kit normalmente considerava com carinho a maior parte das pessoas que conhecia, e com Beyond não era diferente, ainda mais pelo fato dele tela levado até aquele país.


Os lábios de Kit se entreabriram e ela arfou, sem saber o que dizer por um curto período de tempo. Então balançou a cabeça lentamente, em afirmativa, seus ombros vergando um pouco.


- O que é dito no Albergue da Ala B, fica no Albergue da Ala B. Eu nada direi sobre isso, Mestre.
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Mensagem por Beyond Darkness Qui Fev 08, 2018 4:45 am

A princípio, ele ouviu-a em silêncio uma vez mais. Pouquíssimas pessoas conseguiam manter Beyond e seus argumentos calados, afinal de contas ele já vivera muito, muito além de praticamente todas as pessoas ao seu redor, e com tantos anos formando suas próprias opiniões, era simplesmente um trabalho árduo demais convencê-lo do contrário sobre qualquer coisa. Ainda assim, Kit Black, com toda sua jovialidade e ternura, conseguia mantê-lo quieto, apenas observando-a longamente. Talvez ele sentisse que sempre há alguma coisa a aprender, e com ela, Beyond sempre parecia impressionado com o otimismo da garota. Até onde a bondade de Kit conseguia chegar? Embora fosse de se esperar que o Darkness quisesse ver os limites de cada um, ele não tinha tanta certeza se iria gostar de ver Katherine completamente triste um dia. Ou pessimista.
Ele podia ser ranzinza e rabugento o quanto quisesse, mas ela?
Ela era perfeita daquela forma. Esperava que ela não mudasse, embora ele soubesse, em tantos anos vagando pelo solo, que o mundo é capaz de fazer coisas terríveis com as pessoas mais boas...
Ainda que a tivesse salvado das garras do RED EYE, sentia-se na obrigação de manter Kit a salvo. Pelo menos enquanto pudesse, enquanto estivesse vivo.
E ai de alguém que pusesse em risco a quebra da personalidade marcante de Kit.

- Seu pai era um homem sábio. Continue lembrando dessas palavras, Katherine. E se isso termina nosso pequeno debate... eu tentarei não esquecê-las também.

Foi quando o alarde aconteceu, e apesar de toda a agonia momentânea dela, ele só a encarou a tempo de ver as lágrimas pesarosas que escorriam pela face bonita. Ele sorriu, um sorriso fraco e meio sem vida, mas ainda um sorriso diante da afirmação dela, suspirando em seguida:

- Aqui dentro, você é a pessoa que mais sabe sobre mim. Minha idade, minha estrutura e, consequentemente, um pouco mais sobre o meu passado. Acontece que... eles não perderiam tempo em atacar, Kit.- soltando os eletrodos no chão, as telas agora calmas apenas demonstravam as últimas análises do torso.- O Vaticano, O Cartel, talvez até as máfias alemã e russa. O mundo acha... que se eu me for, a Darkness estará indefesa... embora isso não seja verdade, temos de evitar um ataque em massa. Eu sei que você entende.

Logo do outro lado do laboratório, uma grande máquina que se assemelhava muito a uma câmara de ressonância magnética acendeu suas luzes azuladas, indicando que a maca deveria ser levada até ali para que o corpo adentrasse a grande esfera, e ali os procedimentos de reposição de carcaça, músculos e derme acontecesse.

Antes disso, no entanto, a voz de Beyond soou:

- E não, kitty. Não há como reverter.- ele suspirou uma vez mais. Sua face não sorria. Era estranho, muito estranho vê-lo sem seu típico sorriso. - Podemos ter a cura para o câncer, mas isso não é um. Apenas acontece que... eu estou ficando muito velho... como eles dizem com robôs? Passando do prazo de validade.

- Meus circuitos podem durar milênios, mas eu assinei meu encontro antecipado com a morte séculos atrás. No século XX, sendo mais exato. Uma vez que eu mantive órgãos humanos... eu sabia que não ia ser imortal coisa alguma. Até porque podemos ser avançados o quanto formos, mas nunca existiu nem vai existir algo imortal nesse mundo. Apenas... digamos que não há o que fazer quando uma célula está tão desgastada que não se divide mais. E então se inicia a autólise, a destruição de cada uma delas. É o que está ocorrendo com minhas partes humanas. Esse processo começou há 50 anos atrás...
E está se espalhando muito mais urgentemente agora.


Ele explicou pacientemente. Beyond parecia deprimido, mas não surpreso.
Ainda assim, ele ergueu uma das mãos em direção à Kit, tocando-lhe o rosto, limpando muito delicadamente as lágrimas que insistiam em se formar nas pálpebras inferiores dela.

- Eu não estou com medo... e você também não deveria estar.- ele lhe dirigiu um sorriso sincero.- Você já esqueceu, sua tola? Tolerar o que não pode ser mudado. Não chore, gatinha. Ou você vai secar como uma flor desidratada, e pessoas secas por dentro são como eu, não como você.
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Mensagem por Katherine Black Sex Fev 09, 2018 10:06 pm

Havia quem chamasse Katherine Black de ingénua. E, de fato, as vezes ela agia dessa forma, sempre esperando algo de bom das pessoas erradas. Ela acreditava que todo mundo possuía um lado bom e um ruim, e da mesma forma que algumas pessoas caiam na escuridão, podiam ser também puxadas para a luz.
E o próprio Beyond Darkness não seria uma prova disso? Afinal, ele tinha gostos peculiares e tratava as pessoas que tinha interesse de uma maneira um tanto quanto sádica. De fato, o amor dele chegava a doer. Independente de que tipo de amor fosse.
Ainda assim, Kit poderia ser considerada uma das poucas pessoas ao seu redor - quiçá a única - que ele não tinha ferido, armado contra ou tentado manipular. 


- É bom ouvir isso, mestre. - ela tinha sorrido, mas é claro, isso durou muito pouco. Agora seus olhos piscavam lentamente para Beyond, o nó em sua garganta tentando desatar-se, sem sucesso. Ela ouviu as palavras dele em silêncio.


Sim, ela sabia.
Assim como sabia do que aconteciam com as pouquíssimas crianças que as vezes adentravam aquele lugar, ou aos prisioneiros, ou a qualquer membro que não agradasse seus patrões.
Não queria dizer que aceitava a situação... mas sabia e guardava aquilo consigo, porque era pra isso que ela estava ali.


- Eu compreendo. Uma informação crucial solta ao vento pode colocar tudo a perder... - ela endireitou uma a uma as mechas do cabelo curto e roxo, o qual tinha tornado-se uma bagunça enquanto suas mãos tentavam desesperadamente aplacar o barulho anterior. - Eu também entendo que as pessoas não podem ser imortais e que a morte é algo inevitável, aliás... viver para sempre deve ser algo bastante triste.


Suas mãos fecharam-se em punhos mas logo reabriram-se, e ela passou-as lentamente pela maca, aos poucos levando-a até a câmera de recuperação. Kit apenas parou ao ouvir as palavras seguintes de B e senti-lo limpar cuidadosamente as lágrimas sob seus olhos. Agora estava bem próxima a segunda máquina, faltando alguns centímetros para colocá-lo em uma posição ideal e finalizar o procedimento.


- Mas saber não torna as coisas mais fáceis, não é? - docilmente, ela segurou a mão dele entre as suas e pousou um beijo carinhoso na ponta de seus dedos. - Eu não acho que o Senhor esteja completamente seco, Mestre. Além disso, o Mestre... não, o Beyond Darkness que eu conheci, jamais ficaria deprimido ao vislumbrar seu próprio fim.


Katherine afastou novamente a mão dele, soltando-a e abrindo um sorriso sincero para o mesmo. Ela era cheia desse tipo de nuances, preocupação genuína misturados a dedicação, doçura e uma alegria contagiante. Aquelas podiam até não ser as palavras que Beyond deseja ouvir, mas de alguma forma elas tocariam algo dentro dele, porque fora ela que as dissera, e tudo que Kit dizia parecia fazer tudo ficar melhor.


- Se o Mestre viveu uma vida plena, mesmo que por pouco tempo, um ano, uma semana, um minuto ou um segundo, não há razão para temer ou ficar triste. - ela empurrou-o gentilmente para encaixar a maca no lugar certo, seu rosto delicado ainda pairando por cima dele. - Despedidas repentinas são tristes, de qualquer forma. Então se o Mestre me permite aconselhá-lo... eu diria para tentar ao máximo não deixar nenhum assunto inacabado para trás.
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